Microcâmeras
escondidas, escutas telefônicas, microfones e gravadores. Vale
tudo para bancar o Sherlock Holmes e investigar a vida alheia. Com
a popularização de equipamentos eletrônicos, mexer com uma câmera
ou um computador deixou de ser tarefa para especialistas. Quando
surge uma suspeita, geralmente apimentada pela desconfiança, o
jeito pode ser transformar-se em detetive em vez de contratar um
profissional. Para isso, o mercado oferece uma série de acessórios.
Eles estão à
venda em lojas e pela internet. Há microcâmeras disfarçadas em
tudo o que se imaginar, de canetas a gravatas, passando por
abajures e bichinhos de pelúcia. Com toda essa parafernália, dá
para se sentir um verdadeiro James Bond. 'O aparelho mais
procurado é o rádio-relógio com uma microcâmera escondida, que
pode gravar até seis horas de conversa. Há também o KeyTech, um
aparelho que grava tudo o que for digitado num teclado de
computador', explica Frederico Skwara, da Technostar.
São diversas as
situações que podem motivar uma pessoa a comprar equipamentos de
espionagem. Entre as mais comuns há suspeitas de adultério,
desconfianças com babás e enfermeiras que cuidam de idosos,
preocupação de donos de pequenos mercados que sentem falta de
dinheiro no caixa. Muitos dos casos poderiam ser investigados por
detetives profissionais, mas nem sempre o envolvido quer ter sua
vida pessoal revelada. Além disso, não quer gastar dinheiro com
um detetive que, em tese, também pode ser corrompido. Os
profissionais se preocupam com a onda. 'O risco de não conseguir
o que se procura é maior do que se a pessoa contratasse um
detetive profissional. O espião doméstico descuida de certos
detalhes porque seu intuito é saber o que está acontecendo, em
vez de recolher provas que podem ser necessárias depois', observa
o detetive gaúcho conhecido como Ábacus. Ele desenvolveu um
curso em CD-ROM que ensina aos interessados os trâmites e macetes
da profissão, com o intuito de formar detetives.
A investigação
doméstica, porém, é recomendada para casos em que já há
suspeita, como a desconfiança em relação a babás. Nesse
exemplo específico, é praticamente impossível contratar um
detetive profissional porque o provável agressor está dentro de
casa. Além do mais, se a mãe percebe que a criança apresenta
reações estranhas, deixa de comer ou traz marcas no corpo, a
instalação de uma microcâmera escondida pode esclarecer
rapidamente a dúvida.
Até algum tempo
atrás, todos os produtos para espionagem eram importados.
Atualmente, há diversos modelos montados e até fabricados no
Brasil. 'As gravatas com câmeras que vêm dos EUA são muito
ultrapassadas e a posição do equipamento é ruim. Nós
desenvolvemos uma maneira de montá-las colocando a câmera no nó,
o que deixa o microfone mais próximo da boca e a imagem voltada
para o rosto da outra pessoa', explica Ângelo Simões,
gerente-executivo da linha de produtos O Informante.
Bancar o detetive,
no entanto, tem um pequeno inconveniente: o ainda elevado preço
dos equipamentos. Mesmo assim, costuma ser mais barato do que
contratar um profissional. Preocupação que não aflige uma parte
dos consumidores - aqueles que estão preocupados somente em
espionar a vizinha curvilínea ou registrar fofocas sobre a
vizinhança.
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